Noções sobre a vinha e o vinho em Portugal

de Ceferino Carrera


Porta-enxertos


A escolha do porta-enxerto mais adequado para cada tipo de terreno colocou uma das maiores dificuldades mais importantes na viticultura.

Logo que a filoxera trazida dos Estados Unidos chegou ao continente europeu, aniquilando os vinhedos que estavam assentes nas castas indígenas, reconheceu-se como o processo mais económico e eficaz, era o recurso à enxertia sobre as espécies americanas, resistentes a este funesto insecto. Assim ficou descoberto o meio de se repovoarem de cepas os terrenos de vinha destroçada; porém a prática veio a provar, que entre as videiras americanas havia diversas aptidões para diferentes naturezas de terrenos.

Foram essencialmente estas três espécies americanas as utilizadas:

  • Vitis Ripáia: Originária de terras frescas e fundas das margens das linhas de água.
  • Vitis Rupestris: Originária de terras seca e pedregosas das áreas mais ou menos desérticas e montanhosas.
  • Vitis Berlandieri: Originária de zonas calcárias.

Desde então, a escolha do cavalo mais conveniente para cada tipo de solo aparece como um problema maior, pois que, quer o quantitativo das produções, quer a época de maturação dos frutos, são variáveis com o porta-enxerto escolhido.

Do conhecimento dos bons atributos de cada uma das espécies americanas e dos defeitos de adaptação que apresentavam outras, nasceu a ideia de se obterem indivíduos em que os defeitos fossem corrigidos por qualidades opostas que se fossem buscar a outras espécies. Daí resultou a prática da hibridação conseguindo-se obter novos indivíduos (híbridos) com caracteres mistos, aos quais hoje se recorre, quase exclusivamente, para porta-enxertos ou cavalos, em substituição das primitivas, americanas, designadas pelo nome de espécies puras.

Na falta de elementos que permitam optar com segurança por determinada variedade de porta-enxertos, deverá saber-se quais os que na região têm prestado melhores provas de adaptação. Ademais disto, na escolha deve sempre acautelar-se:

  • 1º - A situação do terreno e sua constituição, compreendendo o teor em humidade e textura.
  • 2º - O teor do solo em calcário visto que se a videira europeia suporta elevadas doses daquele componente, as espécies americanas absorvem em doses desregrados, motivando acidentes que podem conduzir à morte das cepas (clorose).
  • 3º - Compatibilidade da casta com o cavalo.

Em Portugal são utilizadas presentemente porta-enxertos híbridos das videiras americanas e euro-americanas duplos ou triplos.

Na escolha destes híbridos ou mesmo nas primitivas videiras americanas puras como porta-enxertos deve atender-se ao valor da resistência à filoxera, e em seguida às aptidões para o solo relativamente à humidade, compacidade, secura, calcário, sílica, vigor dado aos enxertos, fertilidade das enxertias e precocidade da maturação.

Os porta-enxertos americanos mesmo quando cultivados em condições favoráveis têm uma longevidade muito inferior à videira europeia cultivada nas mesmas condições. É pois incontestável que as videiras enxertadas têm, de uma forma geral, uma duração limitada e inferior à das antigas vinhas. Esta duração, depende do cavalo empregado, do enxerto que se lhe aplica, do terreno mais ou menos favorável, da melhor ou pior cultura e da atenção maior ou menor na preservação das doenças. Depende também da adubação mais ou menos intensa que lhe é aplicada e sobretudo, e afinal do clima e do vigor próprio que este dá à videira, vigor que é, regra geral, tanto maior quanto mais meridional for o clima.

A evolução das castas é, desde há algum tempo, um tema de investigação científica. Em geral, as mutações evoluíram gradualmente e os caminhos percorridos são difíceis de reconstituir para historiadores e arqueólogos. Em todo o caso, no século XIX, o processo sofreu uma aceleração notável, transformando-se numa verdadeira renovação. Na segunda metade do século as videiras europeias estiveram ameaçadas de extinção por causa de insectos, vírus e enfermidades que vieram do Novo Mundo (oídio, míldio, podridão e filoxera).

Não devemos esquecer-nos, que a reconstituição dos vinhedos se operou graças ao enxerto de espécies autóctones sobre variedades americanas chamadas porta-enxertos. Perpetuando as antigas castas de Vitis vinífera, transformadas por enxerto, os viticultores europeus puderam proteger os seus vinhedos das enfermidades criptogâmicas, conservando ao mesmo tempo os caracteres essenciais das variedades tradicionais.

Até 1930, houve quem tentasse criar novas variedades híbridas de enxertos, mas essas experiências saldaram-se por um fracasso que veio demonstrar os limites das manipulações humanas. A decadência dessas videiras depois da Segunda Guerra Mundial coincidiu com a recuperação vitícola.

Instalação de uma Vinha
A videira

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